terça-feira, abril 20, 2010

Minhas férias passadas

A angústia prendia os músculos, espalhava-se por seu corpo como um veneno. Seu olhar não tinha o brilho de antes e estava sempre à procura de uma resposta. A boca se contraía, não era possível imaginar que algum dia houve um sorriso ali, ela queria chorar, mas um grito mudo arranhava-lhe a garganta. Sua mente tão brilhante trabalhava como a de um animal encurralado, pensando em opções e saídas que àquela altura não existiam em abundância. Sentia-se solitária, sem poder pedir colo e sem um ombro para chorar. Enterrava as mágoas no fundo de seu pensamento, escondia os medos dentro de uma gaveta, esperando que eles desaparecessem como que por mágica. Justamente por não acreditar em ilusões, nada deixava a garota em paz. A dúvida sobre seu futuro tirava-lhe o sono e a atenção às coisas mais simples. Seus momentos de extrema e pura felicidade não eram tão presentes, se camuflavam pela razão. Qualquer simples tarefa incomum a tirava do sério e a sensação de dever cumprido não lhe dava prazer nenhum. Não se sentia relaxada nem em seus sonhos, pois eles eram todos pesadelos dos quais acordava cada vez mais escondida dentro de sua pequena grande alma. E o tempo não andava.
(Escrito no ano retrasado, acho)

3 comentários:

  1. DEEP. I guess everybody feels that way every once in a while...

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  2. Mas então, Flávia de Escarlate. Lembro de você sim.
    Seu blog continua inspirador e obrigada por passar no meu. Às vezes eu até que escrevo direitinho... ;D

    Beijos,
    Helena.

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  3. Tenho tantas vezes esta sensação de tempo arrastando-se infinito. É crucialmente indefinível a tortura da espera. Sofro tanto esperando respostas e momentos que nunca vêm.

    Lindo texto.
    Beijo solitário.

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