quarta-feira, dezembro 31, 2008

'Por que eu ainda gosto dele?'

Baseado em fatos reais, em uma história dura, em confiança e a falta dela. Obrigada!

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Mais de quatro da manhã, talvez (as duas estão sem relógio), são amigas reais, daquelas que se entendem numa palavra. Não tinham sono. Se tinham, não queriam dormir. A mais velha e mais baixa já havia contado para a mais nova e mais alta tudo que lhe preocupava demais e que nunca tinha contado para ninguém. Tinha ficado decididamente mais leve. Estava na vez da outra.
–Tudo bem, eu te conto tudo que você quer saber, mas pode parar de olhar pela janela um instante?
–Pode ir falando, é que eu não gosto de olhar muito nos olhos das pessoas, acho que tira a concentração. – apesar de seus pensamentos flutuarem como nuvens, a quilômetros de distância daquele quarto, ela fez força para não perder um detalhe do que a amiga dizia.
Suspirou. Ela olhou pela janela.
–Por que eu ainda gosto dele?
“Eu não sei direito, vou te dizer. Ele não era totalmente desconhecido, fomos apresentados virtualmente por um amigo nosso. Acho que eu sempre gostei dele, nunca na mesma intensidade, mas sempre tive uma afinidade com ele, desde o primeiro oi. No começo conversávamos durante cinco minutos depois por três horas, sempre que possível, sem pretensões de nada mais sério do que uma amizade pelo computador. Na verdade, nunca imaginei que rumo isso tomaria. Para mim, correr depois de chegar da escola para ligar o computador e poder finalmente falar com ele era rotina. Eu não queria saber se eu sorria para a tela do computador ou se o coração batia mais acelerado, isso nunca foi uma questão em minha cabeça. Era totalmente natural conversar e conversar com ele.
“Nós ríamos muito, contávamos segredos, discutíamos amigavelmente sobre nossos gostos. Eu começava a gostar dele, mas não contei dessa amizade para ninguém, porque, no meu inconsciente, sabia que ele ia querer outro MSN, conversaria mais com outras pessoas e me deixaria de lado...
“Nunca tive curiosidade em ver o rosto dele, mas isso não me importava, era legal não ter uma primeira impressão dele só por causa da aparência. Se eu gosto dele, é somente pelo que foi construído apenas com palavras. E que palavras! Eu adorava, e continuo adorando, tudo o que ele escreve.
“Só me dei conta do quanto eu gostava dele quando soube que ele arranjou uma namorada. Ai, como doeu!
“Foi uma dor difícil de explicar, um misto de perda e solidão e ciúme, mas eu não entendia direito que diabos de perda era aquela, se ele nunca tinha sido meu. Com o tempo eu refleti mais e percebi que conversar com ele era algo que fazia parte da minha vida e eu podia dizer tranqüilamente que ele já era parte da minha história, ainda que por pouco tempo. E que eu gostava bastante dele, de um outro jeito.
“Como eu posso ainda gostar dele?
“Para ele, depois de ter me contado sobre seu namoro, comecei a fazer mais parte de sua vida, enquanto eu o queria longe, porque junto dele vinha a lembrança da namorada dele, que tirou todas as minhas chances mais sérias antes que elas desabrochassem. Ele me ligava mais, me mandava fotos, parecia enfim disposto a me conhecer pessoalmente. Eu tinha medo de não conseguir falar com ele cara a cara, ou pior, falar o que eu realmente sentia, e acabar com a nossa amizade... Ele foi um amigo tão importante para mim... Foi, infelizmente.”
–Hm...
–Não queria perder o contato com ele. Queria poder ligar para ele agora. Mas como? Ele atenderia e nem se lembraria de mim!
–Por que você pensa assim? Se ele conversou tanto com você, há de se lembrar. E deve sentir saudades também.
–O que eu diria para ele, caramba?
–Diria que sente saudades e que tem coisas para falar com ele. Daí você marcaria de sair com ele e falaria tudo cara a cara!
–Que fácil dizer isso... Depois daquela briga, quando ele traiu a namorada, ele nunca falou nada de bom para mim. A gente só discutia, e discutia feio. Ele colocou um ponto final um dia, pois não queria mais falar comigo.
“Não devia ter me metido demais naquela história. Mas o jeito com que ele tratou aquilo foi tão mesquinho, egoísta... Aquilo me deixou sem palavras, porque eu achava que conhecia ele como a palma da minha mão, e aquela atitude só me provou o contrário e nos afastou.
“Por que eu ainda gosto dele, meu Deus?”

sábado, dezembro 06, 2008

Personal Serial Killer Tabajara Blóxsóris!!!

Aproxime-se colega estiloso e antenado na moda, sabe da última? Não? Não esteve em Paris semana passada? Não assistiu o último desfile da Gucci? Não viu as novidades na internet do seu iPhone banhado a ouro? Ai colega, quanta alienação, tome banho de sal grosso, espanta essa pobreza! Pois eu, sendo chique de doer, acabei de adquirir meu própio personal serial killer tabajara blóxsóris (que ainda me acha bonita!), comentarista e visitante deste humilde blog. Babe de inveja, colega, o meu próprio personal serial killer tabajara blóxsóris é uma nova moda totalmente descolada, diferente de tudo, luxo para poucos!
(Aguarde, pessoa do povo, quando essa ficar no passado, o que acontecerá na próxima estação, adiquira um personal serial killer tabajara blóxsóris num camelô pertinho de sua casa!)

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Não entendeu? Colega sem noção, vide os comentários do post de 24/10/08.

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Devido a encheções de saco freqüentes, vindas de conhecidos e desconhecidos, mudei as cores do blog. E é só isso o que eu tenho para dizer, não tendo paciência nenhuma de cuidar deste humilde blog durante minhas curtas férias em Fortaleza.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Unhas, um exagero

Um texto que difere totalmente dos temas que eu costumo encarar. Fútil, não.

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A manicure, toda solícita, me encaixa em seu horário, entendendo minha situação quase desesperadora. Não é minha primeira vez fazendo as unhas, mas é a primeira vez tendo unhas compridas, que precisam passar por um ritual de beleza. E as minhas unhas mereciam um pouco mais de atenção.
Ela, particularmente, não é muito de conversar. Além de um simpático boa tarde e um por ali, me indicando sua sala separada das demais, acompanhados por sorrisos que mostravam dentes bonitos, não me disse mais nada. Então aproveitei para pegar uma ou duas revistas de fofoca pelo caminho, que me ajudariam a passar o tempo silencioso com suas abobrinhas hilariantes.
Ela me colocou sentada em uma cadeira enquanto pegava suas ferramentas de trabalho devidamente esterilizadas. Abriu a primeira gaveta de um gaveteiro do meu lado, e disse para eu ir escolhendo a cor do esmalte, para agilizar depois. Examinei os incontáveis vidrinhos com uma mão, já que ela tinha começado a lixar a outra. Estavam separados por marca, cor e ordem alfabética. São muitos, porém de cores extremamente escuras, coisa que ainda é forte demais para a primeira vez. Tenho uma certa timidez, e sem pedir ajuda nem me impôr à paleta totalmente emo, me contentei com um mais ou menos cinza, com um toque de rosa.
Ela, mesmo no silêncio, percebeu minha indecisão, abriu a gaveta de baixo. “Estes são os vermelhos escuros e médios”, me guiou pelo universo de cores, no meu ponto de vista todas iguais. Abriu mais algumas, todas igualmente lotadas, “Vermelhos claros, rosas escuros. Rosas médios, rosas claros. Brancos, com glitter. Secagem rápida, importados. Marrons, roxos. E esta, outras cores.”
Fiquei paralisada, sentindo no fundo uma vontade de rir de mim mesma, e me imaginando por um mar de esmaltes, à procura da cor perfeita. Não imaginava essa quantidade exorbitante. Disse para ela, como que pedindo uma dica, que não gosto de nada muito chamativo, algo claro. Com a experiência da profissão, escolheu rápido em uma gaveta alguns esmaltes que talvez me encantassem. Realmente, eles eram bonitinhos. Mas aí ela revelou meu mais terrível medo: nomes de esmaltes.
“Prefere mais ‘Rosa do Meio-Dia’ ou talvez‘Amor Encantado’?”
Eu disse um ‘hein?’ tão alto que ela sorriu, perdoando minha ignorância e falta de cultura (mas eu nunca entendi e nunca vou entender esses nomes que querem despertar em nossa mente cores impossíveis, e nunca vou os decorar).
Limitou minha escolha a dois vidrinhos. Fiz um uni-du-ni-tê mental e escolhi o da direita. Ela disfarçou para não torcer o nariz, pois certamente preferia o da esquerda.
Após passar por esfoliantes, massagens, hidratantes, lixas, alicates e pincéis, minhas mãos ficaram bem bonitas. Na verdade, a cor do esmalte era exatamente a que eu queria, que na pura sorte achei naquela exagerada selva de cores infinitas.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Noites, Dias

Janeiro não vai chegar
As estrelas vão se apagar
E as broncas não vão cessar

A tatuagem de dragão não vai doer
A gelatina de framboesa vai derreter
Eu não vou te esquecer

O meu jeans não vai secar
O boletim não vai alegrar
E os gritos vão rolar

O disse-que-não-disse vai acontecer
Não passe a bola, estou tentando viver
Vai demorar para você entender

E se você se perguntar
Eu nunca vi o sol raiar
Sempre gostei de chorar

Quero mais é poder um pouco chover
Apontar o dedo, e sem culpa escolher
Em ficar com você

segunda-feira, agosto 25, 2008

Céus

A menina reclamava aos céus:
-Me falta algo!
Sentada, bem sozinha, num banco de parque. O sol do meio dia não esquentava, ela usava uma malha de lã. Velhinhas com cachorros caminhavam, mas não estavam perto o suficiente para ouvi-la. Pelo menos, esperava a menina, elas não ouvem muito bem. Continuou:
-Aquele canalha... Me roubou tempo... Acreditei tanto naquela bobagem que ele dizia ser amor que sinto que ele voltará, dizendo que me ama mais e mais!
Olhou para o céu. Desviou o olhar, contemplando uma fila de formigas:
-Por que ele fez isso... comigo? Por que alguém faz isso? Será que traz uma sensação boa? Por isso, será, que eles não amam? Essa sensação seria melhor que o amor? Mais forte que a dor de mentir?
Sentiu raiva. Tristeza, dor, culpa, e sede também:
-Se eu sou forte, esperta e boa como dizem, por que não posso me reerguer? É normal se sentir presa ao chão, como uma árvore? Sem coração, sem sentimentos... como uma árvore?
A lágrima rolou, o nó na garganta (tão conhecido) voltou. As velhinhas e seus cachorros chegavam perto. Enxugou aquela fugitiva, pôs-se de pé, a caminhar:
-Isso é comum? Esse sentimento perda & ganho ao mesmo tempo? Perda de um amor, perda de tempo, perda de vontade, perda de chão, ganho de... liberdade, e... experiência?
Pensou um pouco. As velhinhas e seus cachorros tinham se afastado bem:
-Eu não quero experiência. Eu só quero um amor perfeito.
Sentou-se debaixo de uma árvore. Pensou um pouco mais:
-Que não esqueça o meu aniversário.
Chorou o que mais tinha para chorar.

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Talvez você ache que essa menina é boba, fraca, que só se preocupa com o próprio umbigo, sem entender a dura realidade. Ou talvez mais uma de nós, solteirona, encalhada, que cai na rede desses tipos que nos prometem mundos e fundos, amores sem dores, mas mostram os chifres de capeta quando começam a sair com outra.
Nunca fiz parte desse grupo de garotas desamparadas (e prefiro continuar assim), mas acho que consegui a essência que faz uma história infelizmente considerada por nós cotidiana ficar legal. Podia ter ficado estúpida se a menina fosse estúpida, mas ela pensou nos mesmos pontos que eu pensaria. Não ficou firme nos calcanhares, mas não se desesperou; apenas pensou.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Bolo de Laranja

Há algo melhor do que parar para fazer um bolo de laranja?

Sem se preocupar se o moletom combina com a calça surrada ou não, e quanto você pagou nessa loja.
Deixando passar os juros e a inflação que roubam o nosso dinheiro.
Sem pensar na farinha que se mistura ao cabelo oleoso e aos tic-tacs enferrujados.
Não lembrando daqueles que fizeram alguma coisa que magoou.
Esquecendo que tem que estudar e que a professora está de olho em você.
Sem se preocupar com a nova espinha estacionada na ponta do nariz (quanto pus).
Deixando passar um momento criativo pelo ralo da pia.
Sem pensar em como o joelho tem doído, e isso não devia estar acontecendo.
Não lembrando da temperatura do forno.
Esquecendo do horário, enquanto vem chegando uma, duas, três, quatro da manhã.
Sem se preocupar com quem está na Ásia, Oceania, África, Europa, América.
Deixando passar quando vê o irmão usando o seu sutiã novo como capacete.
Sem pensar na briga dos pais que ecoa pelo casa.
Não lembrando do telefone da amiga que pediu para você ligar há uma semana.
Esquecendo de trocar de música.
Sem se preocupar com a aparente surdez do cachorro.
Deixando passar a chuva, o sol, o vento, a neve, a poluição.
Sem pensar na dor que ocorre quando você passa margarina sem sal no corte na ponta do dedo.
Não lembrando da cantada criativa que ouviu na rua.
Esquecendo de pegar a roupa na lavanderia.

Simples assim: esquecendo de pensar, sem se sentir como antes, sem meditar nem nada, mas sentindo uma terrivelmente forte sensação de alegria por dentro!

domingo, agosto 17, 2008

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sexta-feira, março 07, 2008

Leve desabafo

Eu queria que as coisas simplesmente voltassem a ser como antes.
Sabe, a gente se falava, a gente ria, a gente contava segredos, a gente se ajudava, a gente conversava, a gente se importava um com o outro. Nós éramos irmãos!
Mas algo aconteceu. De um dia pro outro, você simplesmente se desconectou. Virou uma outra pessoa e parou de falar para mim o que sente. Passou a se esconder atrás de um punhado de desconhecidos, um vago sorriso e um olhar perdido no horizonte. Cara, o que aconteceu? Fui eu? Não comece com daquele jeito, ‘não é você, sou eu, o negócio é que é muito difícil de explicar, você não vai entender, deixa para lá, esquece’, por favor. Algo aconteceu. Eu sei. Eu percebi.
Você olha daquele jeito que a gente olha quando está apaixonado, confesse. Não que você esteja, mas é o mesmo jeito... Pode parar de ler se quiser, afinal, se te ofendi ou se me enganei redondamente.
Você está lá, quieto, na sua, quando de repente seus olhos sem querer se viram sem motivo algum, e quando você enxerga-me, um sorriso bobo automaticamente toma conta da sua cara! É impossível explicar o porquê de o seu coração bater tão rápido apenas com uma simples visão. Eu também não entendia por que o meu batia rápido quando eu olhava pra você.
Você vai reler essa carta. Não sei se vai chorar do jeito que eu chorei antes, mas eu tenho certeza que você vai se perguntar, ‘como ela descobriu?’...
Nem eu sei. Simplesmente caiu na minha cabeça aquele sentimento (essa é velha...) ‘olha ele lá olhando pra você’. Eu olhei e, pimba!, o sentimento estava certo! Eu morri de... Sei lá do quê, era um sentimento ao mesmo tempo bom e ruim. Uma sensação palpitante no meu coração, uma mistura de ansiedade com um pouco de medo. Uma coisa que não dá para descrever, mas que você, apesar de tudo o que já passou, tenta apagar ficando com outros caras. Mas mesmo assim, apenas um simples ‘oi’, dias depois, já traz tudo de volta...
Nem o seu cabelo nos seus olhos esconde o jeito que vocês os revira, se perguntando, ‘falo ou não falo?’. Meu cabelo não cobre os meus olhos do jeito do seu, mas eu tento não os revirar. Mas às vezes, é instantâneo.
Por favor, fale comigo. Mesmo que tudo o que eu tenha escrito seja uma baboseira apaixonada, eu quero saber a verdade.