quarta-feira, abril 28, 2010

O resto das minhas férias passadas

Sentava-se na porta de entrada, nem dentro nem fora de casa. O olhar fitava as folhas das árvores ao longe, que farfalhavam calmamente, e pelo reflexo dos óculos ela via a garagem machada de óleo sendo varrida. Carros passavam na rua, não que algum deles fosse lhe trazer alguma solução. Ela continuava ouvindo, além do suave ruído do varrer contínuo e dos piados dos passarinhos escondidos nos galhos, barulhos do computador. Estava ficando paranóica, louca. O computador estava desligado, pois ela não tinha tido coragem de ligá-lo ao amanhecer como de costume. Mas os barulhos continuavam em sua cabeça, ecoando sem parar. Ela estava arrepiada de frio, mas do que adiantava entrar em casa se dentro dela havia o mesmo ambiente gelado? Não podia ficar mais doente do que já estava com aquele ventinho fraco. Tinha tantas coisas pra fazer, tantas caixas pra arrumar, mas vivia no tédio e na solidão, sem mexer um músculo ou falar uma palavra a mais do que o necessário. Sabia que se arrependeria depois, mas por enquanto aquilo não tinha remédio.

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