Quando você for dormir
Eu vou sentar para escrever.
E das palavras que eu deixar no seu sonho
Vão vir as inspirações para eu criar uma história.
A história de uma praia.
Cujo mar se afastava cada vez mais da costa,
Ondas que batiam para se recolher, uma a uma,
O sol a pino sobre a areia úmida.
O mar se recolheu totalmente
Sem perspectiva de voltar.
Você decidiu andar em direção ao horizonte
Onde ainda via um resto de água.
O sal queimou os seus pés
os peixes se debatiam
as aves exaustas caíam do céu
os navios encalhados
os corais descobertos
Em linha reta
Para o fundo.
E você andou e andou
O horizonte às vezes parecia mais perto, e às vezes mais
longe.
Você continuou andando
Cada vez menos atento ao sol que se punha.
Quando cansou de andar, você sentou
Na proa de um barco naufragado.
Já era quase noite
E nada do horizonte chegar.
Era melhor descansar por ali, antes que você acordasse
E o sonho acabasse
Quando você estivesse debaixo d’água.
Enfim, quem era você nessa história?
O pescador que quer puxar o texto da água a qualquer custo?
O anzol à espreita para prender as ideias que passam?
A isca exibida a atrair as histórias?
Ou o peixe idiota, que boiava com fome, e morreu pela boca?