domingo, março 08, 2020

Retroapaixonada

Como posso escrever sobre o que eu gostaria de sentir, se não posso compartilhar esse sentimento com ninguém?

No fundo do meu coração partido, essa vontade surgiu quando eu estava inconsciente. Foi uma confidência num momento de fraqueza, da qual eu já me arrependi, que eu prometi que não ia acontecer mais. Mas eu estou sem força de fazer qualquer outra coisa, e pior, estou com apetite de fazer isso de novo.

Fecho os olhos e vejo você. Debaixo dos lençóis, sob os travesseiros, dentro das gavetas, atrás do colchão. Minha imaginação não se compara com a pilha de bagunças das suas lembranças. Você foi alguém que me fez comer na sua mão, e agora que estou despedaçada, só queria que você me apertasse de novo.

Só não me arrasto para você porque não tenho nenhum resto de dignidade em mim; fico na esperança de um contato telepático, uma coincidência qualquer. Algo que me devolva com o rabo entre as pernas sem que eu precise de qualquer explicação - porque, na minha cabeça, você sempre vai me querer também.

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